Eis a ideia para vocês refletirem no fim de semana:
Por: Pe. Paulo M. Ramalho (*)
Gosto muito de uma frase do Benjamin Franklin para os namorados ou noivos: “Abram bem os olhos antes de se casar; mantenham-nos semicerrados depois”.
Pela minha experiência ao longo de anos e anos dirigindo espiritualmente as pessoas, percebo que vai ficando cada vez mais clara a necessidade de conhecer e enfrentar os problemas de personalidade do futuro cônjuge antes do casamento.
Por que muitos e muitos casais se separam depois de alguns anos de casados?
Pelo convencimento de que não dá para conviver com o marido ou a esposa. Mas isso acontece porque os problemas de personalidade do marido ou da esposa não foram conhecidos com antecedência ou não foram enfrentados como deveriam na época de namoro.
Para conhecer a fundo a personalidade do(a) namorado(a), já que falei disso em outras ocasiões, dou duas dicas:
– pensar sempre que um comportamento, uma reação, um gesto, uma atitude de pequena dimensão podem ser reflexo de algo mais grave que está latente na personalidade do(a) namorado(a);
– não ter muita pressa de se casar, pois conhecemos as pessoas por meio de suas reações e atitudes diante dos acontecimentos que vão se sucedendo.
Uma vez conhecidos os defeitos de personalidade do(a) namorado(a), pode-se cair em dois erros:
– achar que, por estarem apaixonados, tudo será superado;
– perceber algo que não cheira bem e não enfrentar isso antes do casamento.
Vamos supor que um percebe que o outro é um pouco acomodado. Sim, dirá sobre o outro: “ele(ela) é um pouco acomodado(a), mas tem muitas outras qualidades, ele(ela) me trata muito bem e se dá bem com a minha família, é alegre, gosta muito de crianças; a nossa convivência é maravilhosa etc.”.
Muito bem, direi, mas é preciso ir a fundo nessa questão do acomodamento. Parece uma questão leve, mas será que não pode se tornar algo mais grave? Será que isso não vai desencadear um problema mais sério no futuro? Será que isso não vai gerar, por exemplo, um problema financeiro daqui a alguns anos pelo acomodamento profissional?
Quem fala do problema do acomodamento pode falar, por exemplo, do problema de beber, de dificuldade de relacionamento com os futuros sogros, de gastar sem controle, de falta de ordem e organização, de egoísmo, de amizade com pessoas do outro sexo, de trabalhar demais, de grosseria, de mau humor, de teimosia, de não aceitar críticas, de surtos de ira, de mentiras, do problema do namorado ser meio mulherengo etc.
Alguém poderá dizer: “Nossa, se for assim, não dá para casar com ninguém!”. Dá, sim, para casar, pois o casamento é um compromisso de amor entre duas pessoas humanas normais e, portanto, com vários e vários defeitos. Mas esses defeitos têm de estar no nível do razoável e não no ponto de tornar muito difícil a convivência a dois ou a formação de uma família.
A verdade é que hoje é difícil encontrar pessoas com os defeitos bem lapidados, pois a grande preocupação da sociedade atual é a formação profissional e não a formação humana. E, se essa lapidação não foi feita na juventude, fica bastante difícil realizá-la quando se tem mais anos. Como diretor espiritual, parte do meu trabalho é lapidar os defeitos das pessoas que atendo. Mas são poucas hoje as que estão preocupadas com isso.
Resumindo: se algo não cheira bem na personalidade do(a) namorado(a), enfrente essa questão. Não tenha medo de ter de terminar o namoro por perceber que a questão é séria. Como dizia uma pessoa conhecida, todos nós temos de ser cirurgiões; não basta sermos enfermeiros. Não basta cuidar da ferida, é preciso colocar o bisturi e arrancar a causa da ferida.
Depois: reze para encontrar um cônjuge maduro ou ao menos que esteja bem aberto, não de palavras, mas com obras, a lutar para ser melhor, e que, realmente, vá mudando.
Uma santa semana a todos!
(*) Padre Paulo M. Ramalho
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(cfr. http://www.fecomvirtudes.com.br/namoro-abra-bem-os-olhos-antes-de-casar/)
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.
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