INVESTIGAÇÃO
Além de treinar mecânicos para condenar peças dos carros e, como recompensa, oferecer comissão, os donos elaboravam ordens de serviço sem autorização
A empresa Grid Pneus, interditada na terça-feira (24/5) durante uma operação do Procon-DF e da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), definia preços distintos para os mesmos serviços a homens, mulheres e idosos.
As duas unidades, das Asas Sul e Norte, estão interditadas por prazo indeterminado e o processo administrativo corre em segredo de Justiça. Em entrevista ao Correio, o diretor-geral do Procon-DF, Marcelo Nascimento, deu detalhes de como os funcionários das lojas agiam e enganavam os consumidores.
Além de treinar mecânicos para condenar peças de automóveis de clientes e, como recompensa, oferecer comissão, os donos da Grid elaboravam ordens de serviço sem autorização dos clientes e mantinham uma tabela de preço diferenciada para cada consumidor.
Nas lojas, as equipes encontraram, por exemplo, uma ordem de serviço de “suspensão premium” em que, os preços variavam entre R$ 1,6 mil a mais de R$ 2 mil. “Se era mulher, era um valor. Idoso, era outro. Tecnicamente, para mulheres eles cobravam mais caro aquele mesmo serviço, fora a lesão que eles criavam ao cliente“, destacou Marcelo.
Em algumas ordens de serviço, os mecânicos cobravam ou não a mão de obra. A hora da mão de obra chegava a custar até R$ 600.
Além disso, foram constatados serviços em duplicidade e até troca de nomes. Por exemplo, ao invés de alinhamento ou balanceamento, eles trocavam por “geometria”, a fim de confundir o cliente e tirar proveito.
O diretor do Procon-DF explica que os funcionários eram orientados a achar defeitos nos automóveis ou até criar defeitos.
“Por exemplo, eles diziam que o carro estava com vazamento de óleo e amedrontavam o cliente, dizendo que, caso não fosse consertado, iria ter problemas de risco de segurança e colocar a vida em risco”, frisou.
Denúncia
Um ex-funcionário procurou a reportagem e relatou que, mesmo se o carro do cliente fosse novo, os mecânicos o “destruíam”.
“Somos todos incentivados a vender, vender e vender em grupos do zap (whatsapp), e todos sabem que assim querem fazer com o cliente, que pague tudo que conseguir, arranca deles. Só falam em margem, margem de lucros”, desabafou.
O ex-funcionário também acusa os proprietários da Grid de administrarem outras lojas no DF e cometer os mesmos crimes. Por fim, o homem disse que se arrepende por ter, de certa forma, participado de certas situações na empresa.
Marcelo Nascimento orienta os consumidores a não caírem nesse tipo de golpe. Segundo ele, a primeira dica é buscar orçamentos em lojas diferentes. “Não faça orçamento só com uma loja. Faça pesquisas, entre na internet e converse com amigos e familiares”, finalizou.
Loja de pneus cobra preços mais altos para mulheres e é interditada – Economia – Estado de Minas