Por: Marcio Caldellas (*)
Algumas pessoas, frequentemente queixam sobre a dificuldade que sentem em trabalharem focada, que não se sentem produtivas e ao mesmo tempo, não conseguem localizar os obstáculos que lhes roubam o foco.
Segundo a psicologia, o hábito caracteriza-se por qualquer comportamento que é repetido regular ou automaticamente ou que requer pouca ou nenhuma razão naquilo que é aprendido e inato. Alguns hábitos podem ser disfuncionais a nós e prejudiciais às pessoas em nosso entorno.
O mais potente sabotador da produtividade são os maus hábitos. Eles se instalam em sua rotina diária e, como em sua maioria, são prazerosos, tendenciosamente são repetidos de forma automática e acrítica, até que se perceba os danos que estão causando em sua vida.
Maus hábitos que causam a distração comprometem sua concentração, tendem a atrasá-lo em compromissos e tarefas, minam sua eficiência, diminuem sua criatividade e baixam seu desempenho em geral. Perceber e assumir o controle da situação é fundamental e, não apenas em função da produtividade. Um estudo da Universidade de Minnesota descobriu que as pessoas que exercem um alto grau de autocontrole tendem a serem muito mais felizes do que aqueles que não o fazem, tanto a curto, quanto em longo prazo.
Alguns maus hábitos podem causar mais danos do que outros. Seguem os mais problemáticos:
Uso compulsivo da internet: Necessitamos de quinze minutos consecutivos de atenção focada para exercermos plenamente uma tarefa. Feito isso, entrarmos em um estado de êxtase e aumento da produtividade, conhecido como estado de fluxo. Pessoas nesse estado são cinco vezes mais produtivas do que seriam atuando de qualquer outra forma.
Contudo, quando você se distrai e desvia seu olhar para o celular com coisas não ligadas ao seu trabalho em curso, naturalmente surgem outras tentações: verificar as notícias, SMS, Facebook, WhatsApp, Instagram, etc. Desta forma, você acaba de se desconcentrar.
Isso significa que terá de reiniciar os quinze minutos de foco contínuo para se concentrar novamente e entrar no estado de fluxo. Calcule o tempo gasto com as distrações e some os quinze minutos para retomar o estado de fluxo. Por baixo você gastou trinta ou mais minutos com essa distração. Ao repetir este hábito várias vezes ao longo de seu dia, sua produtividade despencará. Avalie o nível de seu poder de concentração e sua produtividade!
Perfeccionismo: Ao nos dedicar a uma tarefa ou mesmo, a um processo criativo, precisamos de um tempo para nos concentrar, organizar e deixar fluir as ideias antes de iniciar.
Na hora de começar, por vezes, parece que travamos, em função de “sabemos” que nossas ideias não são perfeitas e o que produzimos pode não ser tão bom sempre. Entretanto, não há como produzir bem se você não der as suas ideias tempo para evoluir, certo?
O alto nível de exigência e expectativa auto impostos, em busca da “perfeição”, o deixará altamente ansioso podendo até paralisá-lo no ato da execução de alguma tarefa. Desta forma, sua produtividade é gravemente afetada, pois perseguindo a excelência, tende a não conseguir entregar nem o razoável.
Atente para importância de evitar o perfeccionismo: “Você pode editar uma página ruim, mas não é possível editar uma página em branco” -Jodi Picoult.
Reuniões: São as principais vilãs e responsáveis por devorarem seu precioso tempo, como nenhuma outra atividade. Pessoas altamente produtivas evitam reuniões, o quanto for possível. No Brasil temos a crença que reuniões “produtivas” são longas e cansativas. Sabemos que uma reunião tende a se arrastar se isso for permitido pela liderança. Portanto, é prudente informar a todos no início do encontro que será mantido o cronograma previsto. Isso fornece um limite claro e motivador a todos para que a reunião seja focada, eficiente e assim, não comprometa a execução das demais tarefas.
Responder e-mails: Qualquer que seja a ação, quando executada como um hábito compulsivo, impactará negativamente em sua produtividade, vez que distraem sua atenção a cada parada para responder e-mail.
Pessoas produtivas controlam e não permitem constantes interrupções (verificar e-mails, SMS, mensagens, etc.), quando estão trabalhando focadas. Determinam um cronograma para verificar seu e – mail ao longo do dia e utilizam recursos que priorizam mensagens por remetente. É possível configurar resposta automática que informa ao remetente quando você verificará seu e-mail novamente.
Postergar o seu despertar – “soneca”: Quando você dorme, seu cérebro passa por uma série programada de ciclos. O último deles o prepara para estar alerta ao acordar. É por esta razão que às vezes você acorda logo antes do despertador tocar (relógio biológico): o seu cérebro sabe que é hora de levantar e está pronto para fazê-lo.
Ao apertar o botão soneca e voltar a dormir, você perde esse estado de alerta e acorda mais tarde, cansado e tonto. O maior dano causado é que esse cansaço pode durar horas, baixando sua produtividade. Portanto, não importa o quão cansado você pensa que está quando o despertador tocar, se esforce para sair da cama, se quiser ter uma manhã produtiva.
Multitarefas: Atuar como uma pessoa “multitarefa” pode comprometer, e muito, a sua produtividade. Pesquisa realizada na Universidade de Stanford aponta que pessoas “multitarefas” são menos produtivas do que aquelas que fazem uma coisa de cada vez. Foi descoberto pelos pesquisadores que quando você se põe a fazer duas coisas ao mesmo tempo, seu cérebro não tem capacidade para executar ambas as tarefas com sucesso.
Postergar tarefas difíceis: Possuímos quantidade limitada de energia mental e, ao longo do dia, ela vai se acabando, com isso, nossa tomada de decisão e produtividade caem. Fato conhecido como fadiga da decisão.
Quando adiamos tarefas difíceis ou desafiadoras, acabamos deixando de lado nossa hora de maior produtividade. Podemos vencer a fadiga, lidando com tarefas complexas pela manhã, pois é quando nossa energia está alta e a mente mais disposta e ativa.
Uso compulsivo de smartphone, tablete, notebook: Na era digital em que vivemos, esse é um sério e real problema que algumas pessoas enfrentam e nem sequer percebem, mas que prejudica o sono, a produtividade e até o relacionamento conjugal, principalmente quando utilizados na cama.
Tal hábito é explicado cientificamente: O comprimento curto de onda de luz azul emitida pelos eletrônicos tem um papel importante em nosso humor, nível de energia e qualidade do sono.
No período da manhã, a luz solar possui elevada concentração de luz azul. Fato que, quando somos expostos diretamente a ela, a produção do hormônio melatonina para de induzir o sono e nos torna alerta.
No período da tarde, os raios do sol perdem a luz azul, que permite que o seu organismo produza melatonina e nos torne gradativamente mais sonolento.
Já à noite, seu cérebro não espera ser exposto à luz azul e torna-se muito mais sensível a ela. A maioria dos dispositivos: notebooks, tablets, televisões e smartphones, emitem a luz azul de comprimento curto de onda, diretamente em seu rosto. Tal exposição, desnecessária, prejudica a produção de melatonina, interferindo na capacidade de adormecer e na qualidade do sono. Uma noite de sono ruim tem efeitos desastrosos sobre a produtividade. A melhor opção é evitar os dispositivos após o jantar.
Ingerir muito açúcar: A glicose, entre outras funções, aumenta o nível de energia no cérebro e também é responsável pela capacidade e nível de concentração, especialmente mais exigida em tarefas desafiadoras. Com baixo nível de glicose, você tende a se sentir cansado, sem foco e lento; vez que, muita glicose o deixará irritadiço, nervoso e incapaz de se concentrar.
Pesquisas realizadas por médicos e nutricionistas demonstraram que o limite ideal é de 25 gramas de glicose. Podemos atingir esse nível de várias formas e obter o mesmo efeito, inicialmente. O desafio está em quanto tempo sua produtividade durará.
Alimentos, refrigerantes e outros tipos de açúcar refinado fornecem uma “carga” de energia que dura só 20 minutos, já outros tipos de alimentos, como a aveia, arroz integral que contem carboidratos complexos liberam energia gradativamente, o que permite manter o foco por muito mais tempo.
Repensar e mudar seus hábitos disfuncionais poderá aumentar sua produtividade e bem estar pessoal e profissional.
Marcio Caldellas – Psicólogo clínico, Personal, Career & Executive Coach certificado pela Sociedade Brasileira de Coaching e BCI – Behavioral Coaching Institute – USA. Sólida carreira desenvolvida em Executive Search como Headhunter atuando com posições executivas. www.mccoaching.net
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