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Como lidar com problemas pessoais no ambiente de trabalho

Como lidar com problemas pessoais no ambiente de trabalho

Família. Amigos. Saúde. Finanças. Estudo. Sentimentos.

Não é uma tarefa fácil deixar o mundo acontecer lá fora enquanto se está trabalhando; separar aspectos essencialmente pessoais, enquanto vivemos nossos momentos profissionais, pode ser uma tarefa dura, e cheia de percalços.

Tentar suprimir problemas que afetam o equilíbrio emocional e minam a tranquilidade para dar vazão a uma postura que se adeque melhor ao ambiente corporativo sempre foi uma questão difícil, principalmente na cultura latina.

Segundo o palestrante e conferencista Tom Coelho, é praticamente impossível separar a vida pessoal da vida profissional. “Trabalho com um conceito segundo o qual temos: Sete Vidas’. São, em verdade, sete dimensões formadas pela saúde, afetividade, vida profissional, cultural, social, material e espiritual. São sete vidas que coexistem dentro de nós e nos acompanham, diariamente, onde quer que estejamos. E são indissociáveis. Na prática, basta imaginar a dificuldade de se trabalhar com afinco e entusiasmo quando há preocupações com contas vencidas, parentes enfermos ou desilusões amorosas. Eventos deste tipo interferem na produtividade, na atenção e no interesse pela atividade laborativa”.

 

Porém, apesar disso, o que se espera é que, durante o tempo em que o profissional permanece na empresa, sua dedicação seja exclusiva e focada, sem dispensar muita energia com assuntos particulares. “Também não podemos levar situações profissionais para o lado pessoal (como, por exemplo, uma crítica a uma tarefa realizada ser interpretada como uma ofensa à pessoa; ou, pelo fato de manter um vínculo de amizade fora do trabalho, extrapolar numa discussão profissional).

O fato é que não podemos nos esquecer que somos seres humanos, e, por isto, em algum momento teremos algo da vida particular que poderá afetar a vida profissional, como o caso de um profissional que está com a mãe muito adoentada; com certeza sua preocupação vai refletir no seu desempenho diário. Vale salientar que não somos de ferro’, mas esta separação (profissional X pessoal) é um discernimento importante”, comenta Adriana Souza, analista de RH da Catho Online.

Tentar fingir que os problemas não existem também não é solução, pois, geralmente, as empresas conseguem notar que algo de errado está acontecendo com seu funcionário, conforme afirma Adriana. “Os comportamentos variam de pessoa para pessoa, cada um tem um tipo de reação, mas normalmente, um funcionário com problemas pessoais apresenta queda no desempenho (qualidade e produtividade), alterações de humor, isolamento, baixa atenção, fácil dispersão, dentre outros”.

Fato é que nem sempre a empresa poderá ajudar um profissional com problemas, visto que, muitas vezes, estes problemas ultrapassam o contexto organizacional. Porém, algumas vezes, uma conversa para aliviar a tensão pode ajudar o profissional a ter mais clareza para encontrar uma solução que esteja ao seu alcance, ou, pelo menos, poderá deixá-lo com a sensação de que ele é importante para a empresa. “O mesmo serve para o caso de algum problema que exija afastamento do profissional para resolvê-lo, ou até mesmo para lidar melhor com ele (como no caso de morte de ente querido). A compreensão da empresa e o apoio são importantes para que o profissional se sinta valorizado”, comenta ela.

Na opinião de Tom Coelho, na maioria das vezes, as empresas podem e deveriam, sim, ajudar seus profissionais com problemas. “Se o problema for de ordem financeira, a empresa pode ajudar concedendo um adiantamento salarial ou um crédito consignado. Já se for uma questão de saúde, oferecendo cuidados imediatos e aconselhando o profissional a buscar o devido tratamento. Se o caso for de dependência química, sugerindo uma terapia. O RH ou Departamento de Saúde Ocupacional da empresa deve agir como um autêntico aliado”, atesta.

Comunicar à empresa que você está com problemas é sempre uma boa opção, na visão de Tom. “Deve-se compreender que o superior hierárquico não tem bola de cristal para saber o que está se passando, de modo que pode avaliar sua apatia como desinteresse ou até desleixo. Informe-o, ainda que superficialmente, que está passando por uma fase difícil, mas que está em busca da superação. Todavia, dependendo do nível de seu relacionamento com o gestor, talvez seja necessário filtrar as informações, relatando o problema com dimensão menor do que a real”.

Problemas de ordem pessoal, invariavelmente, acompanham o profissional. Os especialistas frisam que o mal não está em trazê-los para a empresa, mas na forma como estes problemas são compartilhados. Não se abrir equivocadamente para que isso não resulte em uma exposição indesejada é algo digno de atenção.

Porém, se você está passando por algum momento pessoal, que acredita estar interferindo em sua performance profissional, os especialistas dão algumas dicas: “inicialmente, evite o isolamento, deixando de compartilhar seus problemas com as pessoas mais próximas. Passamos ao menos oito horas envolvidos com o trabalho, e se você não conversar com alguém, sua cabeça pode virar uma panela de pressão prestes a explodir! Entretanto, evite também a exposição demasiada.

Você não precisa dividir seus anseios com todos ao redor, até porque no ardiloso ambiente corporativo há muitas pessoas à espera de descobrir suas fraquezas para lhe atacar. Seja seletivo. E seja também discreto. A menos que trabalhe em um espaço delimitado por uma sala privada, com boa vedação acústica, onde seja possível trancar a porta, cuide para que seus assuntos pessoais sejam tratados reservadamente.

Assim, afaste-se para falar ao telefone ou travar aquela batalha verbal comum a muitas discussões. Se o embate for pelo computador, certifique-se de fechar a tela que contém o diálogo ao sair do ambiente. E jamais, jamais chore em público. Alguns serão solícitos e lhe oferecerão carinho e apoio. Mas outros não se esquecerão deste seu momento de fragilidade. E usarão isso contra você no futuro”, aconselha Tom.

E Adriana, da Catho Online, nos diz para nos atentarmos também aos seguintes pontos:

1) ao manter relacionamentos de amizade fora do ambiente de trabalho, cuidado para não adotar a postura de “reclamão”, falar mal do trabalho, das pessoas, etc. Lembre-se que esta pessoa trabalha contigo e que seus comentários poderão gerar conflitos se forem levados para dentro da empresa;

2) se você costuma sair com seu chefe e equipe para happy hour, não tente manter a mesma intimidade no ambiente de trabalho: o que pode ter sido engraçado numa ocasião informal, pode ser inconveniente no trabalho;

3) cuidado para não se sobrecarregar de problemas, querer resolver problemas de ordem pessoal e problemas de ordem profissional ao mesmo tempo. Avalie o momento, o tempo necessário e os recursos para esta solução.

4) na medida do possível, não leve “trabalho” para casa (problemas) e nem de casa para o trabalho. Procure lidar com cada situação em seu contexto inicial;

5) caso aconteça algum evento que o aflija, ou se estiver passando por uma situação difícil, deixe seu líder a par disso. Talvez ele não possa ajudá-lo, mas poderá apoiá-lo em alguma decisão.

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